ENSINAR BEM É... SABER LIDAR COM A DIVERSIDADE

Revista Nova Escola edição 164 - ago/2003

Na mesma proporcão em que, felizmente, aumenta o acesso das crianças brasileiras à escola, cresce a diversidade nas salas de aula. Uma turma pode reunir crianças de diferentes classes, regiões, culturas, crenças. Elas respondem de modos distintos a conteúdos, objetivos e exigências — planejados para serem iguais para todos. O desafio, portanto, é não mascarar essas diferenças, mas valer-se delas para enriquecer o aprendizado e a vivência do grupo. A diversidade entre os indivíduos é uma condição da natureza humana e está sempre presente em qualquer abordagem pedagógica. Isso não significa que lidar com ela seja simples. "Ainda estamos aprendendo a conviver com a diversidade", diz Roseli Fischmann, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Segundo ela, o caminho é "refletir em grupo, partilhar, buscar se compreender". O que você deve ter em mente é encontrar um equilíbrio entre objetivos comuns e necessidades pessoais de cada estudante.A busca desse equilíbrio não é fácil. Primeiramente é preciso saber até que ponto todos os envolvidos, da equipe escolar aos pais de alunos, estão de acordo em aceitar que cada aluno tem direito a um ensino adaptado, na maior medida possível, a suas possibilidades e limitações.Nem toda diversidade, no entanto, significa desigualdade. É o caso das diversidades culturais, de aptidões específicas etc. Esses são aspectos individuais que enriquecem a convivência coletiva. A você cabe ter sensibilidade para detectá-las e lidar com elas sem transformá-las em estigmas. "Trabalhar com a diversidade é normal; querer fomentá-la é discutível; regular toda a variabilidade nos indivíduos é perigoso", escreve o educador espanhol José Gimeno Sacristán.

Currículo e avaliação flexíveis

Quando as respostas da turma são desiguais em relação aos padrões de aprendizagem exigidos, é recomendável, além da revisão dos métodos de avaliação, adotar currículos flexíveis. Para isso é preciso definir claramente o que deve ser comum a todos os alunos e quais podem ser os conteúdos diferenciados. Finalmente, cabe a você cultivar conceitos como flexibilidade e tolerância. Eles são pré-requisitos para a boa convivência e a adaptação de pessoas diferentes a ambientes e objetivos comuns. "O mais importante é não ficar no discurso, mas adotá-lo na prática", diz a educadora Roseli Fischmann. Para lidar com a diversidade é essencial: definir o que é comum a todos e o que é particular em cada aluno;

criar diferentes ambientes de aprendizagem;

conhecer as particularidades dos alunos para estimular o interesse de cada um;

diversificar o material didático;

acompanhar a aprendizagem de cada estudante;

trocar informações e opiniões com outros professores;

não tentar mascarar nem destacar em excesso as diferenças dentro da turma.